Oito meses depois de aterrar no Second Life e abrir este blog, creio que está na altura de alguma reflexão e análise. Não pelo período de tempo em si, mas pelo ponto onde cheguei (falando apenas por mim e não pelas pessoas que participam no meu blog, como é evidente).
Não me interessa muito saber se estou dentro do normal, melhor ou pior, em termos bloguísticos, pois nunca coloquei quaisquer metas (o blog vai bem, obrigada e recomenda-se) para chegar aqui ou ali. Ou, por outra, isto não é uma análise do blog em si, mas da minha relação com aquilo que aqui escrevo, que precisa (preciso eu, pelo menos) de algum alinhavar de pensamentos.
A verdade é que, quer o blog, quer até o próprio Second Life por força desta minha postura, me anda a dar seca, falando bem e depressa.
Isto é uma grande chatice. Quando eu escrevo, meio a brincar, que sou uma blogger frustrada porque não posso escrever 90% das histórias, estou a falar muito a sério. Mas isso não me incomoda grandemente, são segredos, permanecem segredos e há muito mais coisas. Os outros 10% dão (dariam) para encher páginas e páginas, se eu escrevesse sobre isso.
O problema é que não escrevo.
Quem me conhece fora deste âmbito do SL sabe perfeitamente que escrevo sobre tudo e mais alguma coisa há mais de quatro anos, sem grandes problemas, paninhos quentes ou palmadinhas nas costas. Sou dura, bruta, irreverente, politicamente incorrecta, incomodo ou incomodei uma série de pessoas e tentei deitar abaixo uma série de coisas que se mantinha de pé por força de graxa em pés de barro. Não gosto de coçadelas mútuas nas costas, de supostamentes e de sistemas equilibrados em interesses. Normalmente não gosto e estou-me nas tintas mas, às vezes, nem que seja por desfastio, assim à laia de anti-stress, não gosto e prego uma valente biqueirada.
Já várias vezes disse que este blog está um inferno de politicamente correcto. Até me dá vómitos. Não tiro qualquer mérito a todos os participantes, isto é apenas dirigido ao que eu escrevo. Francamente, postalinhos sobre de trapos e mais umas fancarias? Quando a ideia foi sempre fazer algum sentido daquela porra, do Second Life, digo. Ora, isso para mim é pouco, muito pouco. É quase vir aqui encher mais um bocado. Um blog (um blog meu) não é isso. Um blog meu tem que ser alguma coisa para lá da constatação de um facto, de um acontecimento, de um evento. Um blog meu tem que ter a dúvida, a razão, a análise, a polémica (okokok, a polémica, pronto, a polémica! Tá bem! É a polémica que mais me falta, concedo!), senão não me dá gozo. Fica uma seca e está uma seca e é uma seca que nem eu tenho paciência.
Então se tudo isso me falta, porque raio eu não escrevo? Porque esta porcaria está institucionalizada. Porque a chata da boneca está inserida no sistema e amarra-me as mãos. Porque a estúpida dá-se bem com as pessoas e perde a isenção, quando quer escrever qualquer coisa que pode ser polémica, ofensiva até, que a malta é muito sensível. Fica com pena, coitadinhos, é chato, não vou escrever isso, podem interpretar mal etc. e tal. Eis-me pois numa experiência nova para mim: em vez de observadora, estou dentro. E de dentro, digo-vos, é muito mais complicado escrever ou dizer aquelas coisas que, se calhar, uma data de gente pensa mas não diz. Nem escreve.
Posto isto e após este relambório todo, a conclusão é a seguinte: há dois caminhos para este blog, no que a mim diz respeito; ou prossegue o seu caminho assim levezinho, mais e outro e outro postalinho, ou passa a ser aquilo que é um blog e que não é um jornal: um local onde uma pessoa escreve o que pensa e não apenas os factos. E se alguém não gostar, tem aí a caixa de comentários ou um quadradinho no canto superior direito com um x desenhado.
Nem preciso de perguntar se alguém tem dúvidas sobre a minha escolha para o futuro de alguns dos meus posts aqui no Geta.