GETA interview histórias no SL® relação e reacção ao SL®

GETA interview – Myllie Writer

Myllie - retrato

Continuando a nossa série de entrevistas apresentamos a Myllie Writer. A Myllie é a designer da loja PERSONA que, além de criar roupas e lingerie recentemente dedicou-se à criação de poses com a marca ANIMAH.
Tive o privilégio de conhecer a Myllie aquando da sua primeira passagem de modelos para a METRO models em que surpreendeu tudo e todos com as criações.


Myllie Writer

1 – Como descobriu o Second Life e o que o motivou a criar uma conta?
Eu vi algumas reportagens sobre o SL em revistas e, à princípio, não me interessou. Todas as reportagens enfatizavam o tema da “vida dupla” ou da compensação de se poder fazer ou ser algo que não era possível na vida real, o que não me cativou particularmente. Então um dia meu marido fez uma conta pra ele e eu me encantei com a criação do avatar em seus detalhes todos. Entrei pra brincar de criar uma versão de mim mesma e fiquei horas brincando disso. Esse foi só o começo. Meu marido não viu graça alguma e nunca mais entrou, enquanto eu fui ficando cada vez mais intrigada e encantada com todas as possibilidades criativas.

2 – Muitas pessoas desistem do Second Life na primeira semana ou no primeiro mês pelos motivos mais variados sendo que o mais comum é não se saberem orientar. O que determinou a sua permanência no SL durante todo este tempo e o que o motiva a voltar dia após dia?
É verdade que o começo pode ser muito frustrante. Tanta coisa que imaginava criar e não sabia como! Realmente é preciso muita motivação, porque não é fácil! Pensei em desistir várias vezes. Não consegui muita orientação in-world, então fui no Google buscar por referências, tutoriais etc. Encontrei o blog da Natalia Zelmanov e até hoje sou muito grata a ela. Foi lá que aprendi todo o básico de tudo que eu sei. Mesmo assim, passar do básico requer ainda muita motivação e muita pesquisa. Fui atrás de tutoriais mais técnicos de Photoshop e de aulas no NCI, para aprender melhor a usar as ferramentas in-world. O que determinou minha permanência foi uma obsessão, não tenho outra explicação. Eu TINHA que conseguir! E como as tentativas sozinhas tomavam já um tempo imenso da minha vida, me determinei que compensaria criando um negócio sustentável e rentável, assim me sentiria menos “culpada” por passar tanto tempo no jogo ou aprendendo sobre ele.

3 – Como ocupa o seu tempo no SL?
Trabalhando, é o que gosto de fazer. Mas às vezes me dou algum tempo de passeio, compras ou festas dos amigos.

4 – Alguma vez desistiu do SL? (Porquê? )
Como já disse, pensei várias vezes, mas até hoje não desisti. Ultimamente, não tenho tido tempo de fazer roupas por causa de demandas da vida real, mas dou sempre uma escapadela e faço algumas poses, que são mais rápidas e fáceis. ;P

5 – O que mais lhe agrada mais e menos no Second Life?
Bom, o que agrada mais é o trabalho e a criação. Claro que sem o feedback de outros não teria a menor graça. Então acho que o que mais agrada é essa interação entre as coisas que crio e os efeitos sobre os outros. O que agrada menos é a instabilidade. Por exemplo, ter uma idéia coçando a gente e não poder entrar porque o sistema está fora…

6 – Descreva-nos o seu percurso no Second Life.
Vou tentar. Foi pouco tempo, mas não sei se consigo ser muito sintética.
Entrei em junho de 2007 e comecei a estudar logo em seguida. Fazia muito camping pra juntar lindens pra fazer uploads. Conheci algumas pessoas, mas nenhuma tinha o mesmo interesse que eu, então foi um trabalho bastante solitário. O camping era muito fatigante e insatisfatório, aí meu marido me deu uma conta premium. Com ela, aluguei meu primeiro apartamento/estúdio. Conseguia pagar o aluguel e fazer meus uploads. De vez em quando comprava alguns lindens extras pra comprar alguma coisa: pele, uma roupa de que gostava muito e usava pra estudar. Com o tempo fui juntando umas pecinhas de criação minha e me preparando pra abrir minha primeira loja. Não tinha nenhuma idéia se o que eu estava fazendo era “vendável” e já percebia que o mercado era altamente competitivo, então tinha muito medo. Queria fazer roupa de qualidade, não simplesmente vender. Criei o nome da marca (PERSONA) e meu logo e aluguei uma loja num mall (Ivanova), que já fechou inclusive. O lugar era totalmente deserto e minhas vendas eram fraquíssimas, mas conseguia pagar o aluguel. Fiz minha inscrição no Fashion Consolidated e aguardei ansiosamente pela resposta da Honey, para poder fazer meus lançamentos ali e assim conseguir mostrar mais meu trabalho. Demorou um pouco, mas veio! Com a minha primeira notinha, tive a imensa sorte de chamar a atenção de algumas “blogueiras” me apoiando e incentivando. Algumas designers que eu já conhecia pelos trabalhos também me escreveram e incentivaram. Recebi até presentes! Muitos cabelos! Foi um belo de um combustível pra eu continuar. Nos dias que se seguiram, minhas vendas melhoraram muito e eu recebi algumas menções em blogs de moda. Diziam que eu era “promissora” e aquilo me enchia de orgulho e contentamento, ao mesmo tempo em que me deixava também com medo “Xii, e se eu não corresponder a essa expectativa toda?”. Mas tentei olhar menos pro medo e olhar mais pras coisas que tinha vontade de fazer, e fui fazendo. Li num blog algumas dicas de marketing e aprendi sobre os “review copies”. Mandei pra um monte de gente! Depois tive a chance de participar de um desfile organizado pela Alaska Metropolitan, pessoa que eu já admirava por conhecer seu blog. O “New Shoots” foi outro incentivo enorme: mais vendas e mais menções em blogs. Tive que alugar uma loja maior, mesmo porque a primeira fechou junto com o mall inteiro. Dali a pouco, me convidaram pra expor meus vendors em uma loja no Japão, depois uma outra loja-satélite num novo sim, e assim foi indo. A essa altura, a Natalia postou um tutorial de poses, que eu sempre quisera fazer. Uma marca de poses que eu amava saiu do SL pra sempre (Long Awkward Poses). Pronto, arranjei outra obsessão: poses! Uma amiga (Annah Whitfield) também embarcou na onda das poses e tivemos a idéia de abrir uma marca juntas (ANIMAH). Assim o fizemos! E assim cheguei onde estou hoje. Ainda muito pequena e ainda aprendendo todo dia, mas já consegui bancar uma loja maior, com mais prims, com os lindens que ganhei no jogo.

7 – Relate-nos um episódio ou episódios caricatos que lhe tenham acontecido no Second Life.
Olha, não tiveram muitos, não. Vou falar sobre um amigo alemão que eu tive logo no início (segundo dia, talvez). Ele usava roupas e um cabelo bacanas enquanto eu ainda circulava com aquelas coisas horríveis que a gente faz pelo sistema default. Acho que ele foi com a minha cara e decidiu me dar uma forcinha: me levou pra um monte de lugares onde tinha freebies e eu fui pegando tudo. Finalmente, me levou pra um lugar onde tinha as nossas “partes íntimas”. Acho que custava 5 lindens e ele me deu o dinheiro (porque eu tinha 0L). Me disse que só faltava isso pra eu estar “completa” (eu não sabia que avatar não tinha “partes íntimas”). Depois me deu 20L, pra eu “comprar um presentinho pra mim”, ele disse. Eu fiquei ofendidíssima! Mas depois, coitado, vi que ele só queria ajudar mesmo e em sua experiência de SL, aquele era um item essencial.

8 – O que é, para si, o Second Life: um jogo, um metaverso, um mundo virtual?
Acho que é tudo isso. O SL oferece algumas (muitas) possibilidades de uso, depende de você o uso que escolher para si.

9 – Alguma vez teve problemas relacionados com a plataforma? Se sim, como o reportou e qual a sua opinião do feedback por parte da Linden Labs?
Tive alguns, de menor escala, que acabei resolvendo sozinha. Nunca cheguei a contactar os LLs.

10 – O que mudaria no Second Life?
Para ser muito sincera, ainda não formulei nenhuma idéia de mudança construtiva, mas ainda sou uma “newbie”, acho que isso deve vir com o tempo.

11 – De todas as possibilidades oferecidas pela plataforma e pela Linden Labs, conhece e utiliza todas as funcionalidades disponíveis?
Provavelmente nem um terço!

12 – Quais são os seus projectos actuais e futuros no Second Life?
Meu projeto atual é continuar criando e tocando as lojas. No futuro, gostaria de aprender a equilibrar melhor o tempo e a energia gastos no SL e na vida real. Por enquanto, estou oscilando, ora aqui ora acolá.

13 – Daqui a 5 anos, o que será o Second Life? Consegue projectar a carreira do seu avatar nesse médio prazo?
Olha… não faço a menor idéia!

14 – Tem alguma sugestão de alguém que gostaria de ver entrevistado neste espaço?
A primeira pessoa que me veio à mente, infelizmente, morreu não faz muito tempo. Ginny Talamasca era, para mim, a melhor designer do SL e eu adoraria saber mais sobre ele.
A Alaska Metropolitan é uma pessoa que eu acho que tem uma visão interessante e ampla do que é o SL, mas se tiver que ser em português, já não dá.
Conheço apenas duas designers que falam português: Annah Whitfield e Moire Georgette.

Myllie Writer 2

—-
PERSONA mainstore
PERSONA’s blog