SL® geral

Second Life: uma ilhota de geeks, nerds e outros que, se não são, passam bem por isso

Ok, rapaziada, alguém já ouviu falar de Tonga?

Ah já, claro. Algures no éter das informações inúteis, toda a gente já ouviu falar de Tonga, quanto mais não seja por ter um nome giro. Bom, Tonga é uma ilhota algures no Pacífico Sul e tem uma população de cerca de 100 mil pessoas. Capaz de ser até bem bonito, Tonga, cheio de água e areia e palmeiras. Uns ciclones de vez em quando, que causam crashes nas cerca de 100.000 pessoas que estão logadas…

…hum.

Acho que estou a confundir, espera lá. Estava a falar de um sítio que tinha uma população logada, perdão, viva, de 100 mil pessoas, com muita água e areia, que toda a gente já ouviu falar e, se pudessem todos ir lá visitar só para ver como era, sem grandes custos, aposto que até chegava aos cinco milhões de contas, perdão, turistas.

Assim é o Second Life para o mundo inteiro. Uma espécie de Tonga, que toda a gente já ouviu falar de longe, ah giro, sim, sim, mas muito longínquo e irrelevante. Tenho pensado muito nisto, agora ainda mais que o SL saiu de moda e praticamente é tão importante para a maioria das pessoas como outra coisa qualquer pouco importante que se passe online. Não é um google, não é sequer um WoW, não tem folclore literário como o Lotro, é uma mania de algumas pessoas, prontush. Umas pessoas mais geeks, outras que acham piada, outras que têm curiosidade, enfim, o SL, a bem dizer, *é* uma curiosidade. Uma característica de alguns amigos nossos, como outras, uma espécie de mania quase inócua, porque não risca sequer a superfície da vida normal de toda a gente, à excepção daquelas dezenas de milhares de “tongoleses”.

O facto de estarmos imersos no SL, seja porque razão for, por questões de trabalho, de pesquisa, de puro entretenimento, de meio simples, rápido e barato (e bonito, que tem paisagens lindas e as bonecas são engraçadas) de comunicação, causa-nos um certo desvio da realidade real. Damos muito mais importância àquilo do que realmente tem, achamos que sem aquilo a nossa vida seria diferente (e seria, como seria se tropeçássemos no passeio e partíssemos duas pernas em dez sítios ou nos saísse o euromilhões e quem diz isso diz até o vigésimo da lotaria de Natal), pensamos que há ali um certo futuro (não há, o SL será sempre um nicho de mercado, como muito bem diz a Gwyneth Llewelyn e nesse nicho, claro que *é* o futuro, mas isso remete apenas para o futuro daquele tipo de mundo virtual), enfim, damo-nos mais importância por sermos residentes em Tonga, perdão, no SL, do que aquela que temos relativamente ao mundo em que vivemos.

E, às vezes, é bom uma pessoa ter plena noção disso. Relativizar. Retirar do SL aquilo que tem de bom, seja em que área for, mas relativizar sempre: a grande maioria das pessoas não conhece o SL, algumas já ouviram falar, dessas a grande parte acha esquizóide e não passamos de mais uma espécie de cromos. Contentes, pois tá claro, cada um na sua mania e gosto, mas sem importância nenhuma para quase nada.

Um gajo, quando se remete à sua própria insignificância, é muito saudável mesmo. 😀

(e agora vou ali ver de umas hunts e mais umas coisas e experimentar uns vestidos que se faz tarde…)