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GETA interview – Rubik Lungu

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O Rubik Lungu é investigador nos domínios de TV Digital, Multimédia e conteúdos e serviços Internet. É responsável pela criação da presença da PT Inovação no Second Life. Além de que, embora ele se ache maçador, eu acho-o uma simpatia. Todas as palavras (em IM) que tive o prazer de trocar com o Rubik foram sempre uma delícia.
Recomendo-vos vivamente visitarem o espaço PT Inovação: SLurl. Este é, sem sombra de dúvida, o espaço português no SL mais bem conseguido que tenho visto ultimamente.

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1 – Como descobriu o Second Life e o que o motivou a criar uma conta?
Já me tinham falado do Second Life, no contexto de uma oportunidade para um projecto de investigação, mas a minha vinda acabou por ser directamente motivada pelo entusiasmo de uma boa amiga, que me fez perceber que teria de
haver mais qualquer coisa para além da tecnologia e do “hype” mediático. E vim espreitar, com os meus próprios olhos.

2 – Muitas pessoas desistem do Second Life na primeira semana ou no primeiro mês pelos motivos mais variados sendo que o mais comum é não se saberem orientar. O que determinou a sua permanência no SL durante todo este tempo e o que o motiva a voltar dia após dia?
Faz-me voltar principalmemte o facto de ter objectivos concretos, e o voltar sempre faz-me descobrir ainda mais aspectos a explorar, novas dimensões, novas ferramentas, novas oportunidades, caminhos inovadores, objectivos adicionais. E por isso continuo a ter sempre boas razões para regressar.

3 – Como ocupa o seu tempo no SL?
Experimento e exploro tecnologia, na perspectiva de melhor a compreender e descobrir oportunidades e valor acrescentado através de novas formas e formatos de comunicação, afinal uma componente importante do meu trabalho para além deste ambiente.

4 – Alguma vez desistiu do SL? (Porquê?)
Não.

5 – O que mais lhe agrada mais e menos no Second Life?
Agrada-me bastante sentir que estou a trilhar novos caminhos, que se tornarão cada vez mais banais nas comunicações interpessoais, da mesma forma que o senti quando há quase 15 anos atrás comecei a explorar as primeiras versões dos browsers Mosaic e Netscape e a criar páginas Internet pela primeira vez. Desagrada-me certamente todo o alvoroço jornalístico inflacionado em torno de aspectos discutíveis e menos simpáticos, que acontecem afinal em todo o lado onde há pessoas, e que acabam por criar resistências e dificuldades escusadas ao trabalho sério de inúmeros investigadores, criadores e entusiastas em geral por esse mundo fora. É a história da Internet a repetir-se, ela própria um fenómeno que levou vários anos a ser entendido e colocado na devida perpectiva pela comunicação social e pela sociedade em geral.

6 – Descreva-nos o seu percurso no Second Life.
Maçador. Desinteressante. Nada de surpreendente. Um avatar que tem essencialmente uma rede de contactos ligados ao trabalho de investigação em torno das tecnologias SL e que investe muito do seu tempo in world a fazer experiências de scripting e construção. Ainda assim, tenho tido o privilégio de trocar algumas opiniões com gente muito interessante, com ideias arejadas em relação ao futuro da Internet e isso tem sido bastante enriquecedor.

7 – Relate-nos um episódo ou episódios caricatos que lhe tenham acontecido no Second Life.
Assim de repente, apenas me ocorrem as sucessivas situações de “ruthing” que há uns tempos eram tão frequentes a seguir a cada teletransporte. Invariavelmente só me apercebia quando alguém, muito tempo depois, comentava que eu estava com um aspecto estranho e parecia mais baixo. Como nunca consegui habituar-me à rotina de o fazer sistematicamente e preventivamente, acabei por desenvolver um script que passou a detectar a situação e a avisar-me discretamente, para assim poder efectuar a típica manobra de resolução (entrar e sair do Edit Appearance).

8 – O que é, para si, o Second Life: um jogo, um metaverso, um mundo virtual?
Ai, essas definições, essas perguntas difíceis. É óbvio que cada pessoa tem a sua própria experiência, conhecimento e expectativa, mas julgo que é geralmente aceite que estamos perante uma plataforma, i.e. um ambiente tecnológico sobre o qual se podem criar funcionalidades. Diria que há um misto de mundo alternativo, de plataforma de jogos e de “enabler” de negócios, afinal uma extensão da Internet a caminho da Web 3.0. E esta é apenas uma de várias instâncias deste tipo de ambientes, que irão surgir e competir entre si até que os conceitos e tecnologias amadureçam e caminhem para uma interoperabilidade assente em normalização e APIs abertos.

9 – Alguma vez teve problemas relacionados com a plataforma? Se sim, como o reportou e qual a sua opinião do feedback por parte da Linden Labs?
Sim, por causa de um bug que levou a que diversos scripts deixassem de funcionar e na tentativa de encontrar um Workaround, acabei por cometer uma imprevidência e dar sumiço a um conjunto de objectos que desapareceram irremediavelmente no “bit bucket” durante o processo de rez, algures entre o inventário e o Sim… Optei pelo suporte via chat, e a Kate foi inexcedível em profissionalismo e simpatia, apesar de não me ter conseguido resolver o problema – que todavia escalou para a área de desenvolvimento, tendo entretanto o problema sido identificado e a situação resolvida numa das versões seguintes. Também tive já oportunidade de interagir com o
Babbage (Mono) e com o Sidewinder (Havok4), ficando sempre com uma excelente impressão ao nível técnico e humano.

10 – O que mudaria no Second Life?
Acredito que já era altura de haver uma maior abertura para os desenvolvimentos por parte de terceiros, não apenas pelo núcleo de parceiros tecnológicos que se vai sabendo que trabalham de perto com a Linden Labs, mas pela comunidade em geral. Assim, no mínimo publicaria APIs para permitir a integração do Second Life com outras plataformas e serviços de comunicações. Há já demasiado trabalho de demasiadas pessoas pelo mundo fora a depender de uma expectativa de que tudo evolua num determinado sentido ou em função de um dado status quo… e isso não é bom para ninguém, na minha modesta opinião.

11 – De todas as possibilidades oferecidas pela plataforma e pela Linden Labs, conhece e utiliza todas as funcionalidades disponíveis?
Normalmente não recorro à voz in world, por uma questão de preferência pessoal – gosto bastante do cariz assíncrono do Instant Messaging escrito.

12 – Quais são os seus projectos actuais e futuros no Second Life?
O principal projecto em que estou envolvido é, sem dúvida, a criação da ilha PT Inovação, cuja primeira fase de construção está concluída. Foi criada para acolher um conjunto de experiências e trabalhos com universidades, nomeadamente UTAD e UA. Estão igualmente em curso projectos internos da PT Inovação endereçando a convergência de ambientes virtuais e dos seus mecanismos de comunicação com outras plataformas.
A abertura aos visitantes acontecerá muito, muito em breve. Será um espaço em permanente evolução, com os resultados a serem mostrados à medida que que os projectos forem sendo concluídos, sendo seguro que vamos por lá ver integração com outros serviços de comunicação (e.g. SMS/MMS) e com funcionalidades Sapo (p.ex. acesso a Sapo Vídeos e interoperação IM-Sapo Messenger).
Estamos também a apostar na exploração dos mundos virtuais no contexto da formação à distância, e temos em curso o desenvolvimento de algumas funcionalidades para a nossa plataforma de e-learning Formare, assim como está no nosso roadmap para este ano a disponibilização de conteúdos interactivos 3D para aprendizagem informal de temáticas de grande actualidade, p.ex. IPTV.

13 – Daqui a 5 anos, o que será o Second Life? Consegue projectar a carreira do seu avatar nesse médio prazo?
Não sei, nem desconfio. Sou muito fraquinho em futurologia 🙂
Mas sugiro uma pesquisa no Google que pode dar pistas para quem quiser arriscar conjecturas. Procurar “Lei da Aceleração das Mudanças” (“Law of Accelerating Returns”) de Raymond Kurzweil, o famoso inventor do scanner e criador de aplicações pioneiras de síntese de voz. A mesma pessoa que sustenta que o poder de cálculo e a capacidade dos computadores vão aumentar mil milhões de vezes nos próximos 25 anos, enquanto os seus componentes irão encolher cem mil vezes.

14 – Tem alguma sugestão de alguém que gostaria de ver entrevistado neste espaço?
Há muitas pessoas interessantes que espero vir a conhecer melhor por aqui, mas porque o futuro está cada vez mais nos conteúdos, sugiro o “machinimatógrafo” Halden Beaumont, na minha modesta opinião um dos mais promissores criadores portugueses no domínio dos novos formatos emergentes desta Internet renovada e fervilhante de inovação e tecnologia.

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